
O Campeonato Brasileiro dos meus sonhos é aquele em que os oito melhores se enfrentam no sistema de playoffs até que se tire o grande vencedor. A defesa mais óbvia que tenho para isso é forte por si só: somos acostumados a grandes jogos finais, e esta fórmula não só revela os grandes times "copeiros" como também privilegia o próprio campeonato, tornando-o interessante pra boa parte da tabela; mas há também um outro argumento que não dá pra jogar fora, que é justamente essa história dos "times desinteressados".
Vejamos: eu não tenho dúvidas de que o Flamengo é O time deste campeonato, com Petkovic se reciclando, Adriano se reerguendo, Andrade se mostrando um bom técnico, Bruno sendo um goleiro daqueles poucos que se pode dizer que tem vantagem em uma situação de pênalti etc.; mas quis o destino que o sorteio da tabela pusesse em seu caminho nesta reta final do torneio dois times não só completamente desinteressados em relação a eles próprios como também, para os conspiratórios, o pouco de relevância que a competição desperte para eles esteja na chance de eles atrapalharem seus rivais ajudando o Fla.
Sendo tremendamente mais objetivo, o Fla enfrentou o Corinthians, rival do São Paulo, e agora vai pegar o Grêmio, inimigo do Inter. Timão e Tricolor não têm mais nada a fazer no Brasileirão... a não ser atrapalhar seus respectivos rivais citados anteriormente, ambos com chance de título.
Assim, lá estão os torcedores são-paulinos chorando um suposto corpo mole dos corintianos, enquanto os colorados temem por uma pasmaceira tricolor no próximo domingo no Maracanã. E o que o Flamengo tem com tudo isso? Ou melhor: o que o bom futebol que o Flamengo vem apresentando tem a ver com essas picuinhas?
Tentando me distanciar da paixão clubística, esse campeonatinho de pontos corridos erra de tudo quanto é jeito: quando não é um clube abrindo uma vantagem colossal em relação aos demais concorrentes e vencendo a taça por antecipação, a disputa mais acirrada é colocada em questão em torno de vingancinhas e rixas paralelas. Não dá pra ser feliz.
Depois da minha torcida pelo Hexa do Mengão, há uma outra, também forte: a de que, em 2010, tenhamos um Campeonato Brasileiro como nos velhos tempos, com um time se sagrando campeão após deixar pelo caminho um bando de vítimas no mata-mata. E que não me venham com o modelo atual é mais justo com os clubes mais bem estruturados, pois se o time tem uma excelente estrutura, aí mesmo é que não tem que ter cagaço de playoff, muito menos de final.