Não é uma série de trama, mas de roteiro; e, na minha humilde opinião, pode-se apenas dizer que é superestimado. Porém, é errado julgar "Girls" por esse viés - e, consequentemente, a paixão de quem gosta da série por conta dele. Pra mim, a explicação é simples: "Girls", para boa parte de seu público feminino - que, sem dúvida, é maioria esmagadora -, a chance semanal de se projetar.
Vou tentar me explicar mais claramente. Todos nós nos projetamos, de uma forma ou de outra, em livros, filmes, peças e shows. Alguma parte de nós adoraria viver aquilo ali em algum momento; e assistir é uma convite para essa fantasia. De certa forma, no geral os homens costumam ser mais infantojuvenis em suas projeções culturais. Nunca deixam de gostar do Luke Skywalker, do Batman, do Indiana Jones, do Marty McFly sem que esse gostar signifique "como eu queria ser ele". As mulheres, não: elas não crescem e seguem querendo ser a Mulher Maravilha, ou a Barbie, ou a Hannah Montana. Elas preferem exemplares menos fantasiosos, e que pareçam - pareçam - mais próximos da realidade. Tipo Hannah, Marnie, Shosh e Jessa.
O quarteto de "Girls" vive o glamour do cool sem parecer viver. Fingem para o público que ralam, estudam, o escambau, mas na verdade levam a vida na boa. Nenhuma é ricaça, mas moram na cidade mais cobiçada do mundo apenas trabalhando em cafeterias - em que, no máximo, tiram um espresso aqui, outro ali, saindo do serviço a hora em que bem querem -, suas
Injusto dizer que é só isso? Claro. Tem excelentes sacadas, momentos muito divertidos, uma direção bacana e uma trilha sonora que encanta quaisquer ouvidos afeitos ao indie pop rock. Mas como série, é apenas um programa razoável cujo trunfo é dar às espectadoras a chance de serem aquelas meninas por 20 minutos por semana.
Um comentário:
Nossa, não sabia que o blog tinha voltado a ativa (Vai rolar podcast?). Por falar em série, a nova do Damon Lindelof (The Leftovers) me fisgou de vez. Ela consegue deixar aquele gostinho que só Lost conseguia (Não tanto quanto, é claro).
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