terça-feira, 19 de julho de 2011

WEEZER NO SHOWBOL DO SHOWBIZ - OU "O CRUZEIRO DE RIVERS CUOMO NA ILHA DE PAQUETÁ"

Nos últimos dias, Rivers Cuomo deu motivos de sobra para que seus fãs embaçassem seus oclinhos de aros grossos de tanta comoção: o Weezer anunciou que vai fazer um cruzeiro Miami-Cozumel - sim, ao melhor estilo Roberto Carlos. Será em janeiro, e com convidados nobres, como Dinosaur Jr. e Sebadoh. Na prática, um festival em alto mar.

No repertório dos anfitriões, as músicas do Blue Album e do Pinkerton - o discos realmente espetaculares da banda -, B-sides e favoritas dos fãs. Tá tudo no cartazinho ao lado.

Quando pude cogitar que essa iniciativa seria do tipo uma-vez-na-vida-outra-na-morte, descobri que o Weezer vai fazer o show Blue+Pinkerton em Seattle no dia 19 de agosto - evento da batizada The Memories Tour.

The Memories Tour. Não é sugestivo: é direto e reto. Turnê revisionista, e das que olham beeem pra trás, e ainda por cima pulando uma parte do trajeto. Corta a cena, e eu me lembro da franca decadência da banda em termos sonoros - sim, o "sonoro" é necessário porque o clipe de Pork & Beans é um lampejo de criatividade - e, mais recentemente, da constrangedora participação de Cuomo no constrangedor clipe para a constrangedora música de um tal B.O.B., cujo link me recuso a jogar aqui. E corta de novo para The Memories Tour.

É isso aí: o Weezer chegou a conclusão de que é melhor requentar o velho bom do que mergulhar no novo ruim. Tá assumindo sua porção travelling jukebox numa boa, na humildade, na coragem. E antes que você, que embaçou os tais oclinhos, pense que eu estou sacaneando o grupo, eu pergunto: essa iniciativa necessariamente é ruim?

Não. Não quando se tem discos como The Blue Album e Pinkerton na bagagem. Álbuns que, de tão incríveis, podem tranquilamente explicar boa parte da frustração gerada pelo Weezer em muita gente:  nos acostumaram a esperar muito do grupo. Aí veio o Green Album, disco de bons momentos, e o resto todos nós sabemos; e muitos, como eu, fazem questão de esquecer - pelo jeito, o próprio Weezer, ao parecer buscar na dupla que o notabilizou a sobrevida, o reencontro com a relevância. E se a criatividade está ausente nessa iniciativa, certamente ninguém vai pensar nisso quando o couro estiver comendo em todas aquelas músicas.

Assim, nessa vibe de revival, cruzeiro etc., me lembro imediatamente de um certo país que é uma mãe, um verdadeiro paraíso para bandas em turnês de releitura. Né? Paquetás à parte, não tenho dúvida de que, se os agentes da banda fizerem minimamente o dever de casa, o Weezer já, já invade a nossa praia  - e isso sem precisar de Medina nenhum. Leva fé, fã ardoroso: pode embarcar nessa que é a certa.

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