"X-MEN ORIGINS: WOLVERINE" - PRA QUEM GOSTA DE QUADRINHOS... E DE BONS COMEÇOS

Acabo de ver "X-Men Origins: Wolverine" e, dentre os grupos dos que gostaram do filme e o dos que o acharam uma bosta, escolho o primeiro, mas entendo os que ficam no segundo. Isso porque, por mais que o que eu vá dizer pareça óbvio, nem sempre é: o filme de Wolverine foi especialmente feito para quem tem uma mínima familiaridade com os quadrinhos de X-Men e com a história do herói - e digo "mínima" pois é a que eu tenho. Quando garoto, devorava os quadrinhos dos X-Men, e sabia muito; hoje em dia, ando um tanto quanto desatualizado do universo dos comandados pelo Professor Xavier, mas minhas mais adormecidas memórias sobre Logan, o lenhador, foram despertadas pelo filme - mesmo o tendo assistido sem qualquer referência da origem do Wolverine contada nos quadrinhos, ao contrário de boa parte dos fãs que atacaram o filme.

Como não posso falar da história contada pelos quadrinhos, faço da origem de Wolverine o meu argumento pra entender a desaprovação do filme por parte de outros fãs: aqueles que esperavam mais dele em matéria de ação. Às vezes, muitos esquecem de que histórias sobre origens nada mais são do que a explicação de "como tudo chegou até aqui". Ou seja: o momento é uma coisa, a origem é outra. E essa gênese costuma ser lenta, gradual... e no caso de Wolverine, algo que pode ser desinteressante para muitos - afinal, estamos falando de um lenhador incrustado nas gélidas montanhas canadenses, certo?

Mas quem resolver entender que o começo é só o começo e topar a diversão que pode haver nesse princípio tem muito a se divertir. Mais uma vez, Hugh Jackman vai bem no papel do herói. Liev Schreiber (o Keppler de "CSI", lembram?) defende brava e literalmente com unhas e dentes o antagonista de Wolverine, Dentes-de-Sabre. E a história dos dois, que se une e separa por conta dos instintos, funciona.

Os demais personagens e seus respectivos intérpretes - diversos deles, conhecidos dos fãs de séries - também convencem, com destaque para um surpreendente Taylor Kitsch, o Tim Riggins de "Friday Night Lights", como Gambit. Eu nem sabia desta ligação original de Gambit com Wolverine, mas gostei bastante, bem como só agora conheci a história de Wolverine e Kayla Silverfox, vivida pela bela Lynn Collins. A verdade é que a trama vista nos cinemas me deu vontade de torrar uma bela grana numa gibiteria e cair nos quadrinhos pra saber como tudo foi contado de forma original...

"X-Men Origins: Wolverine" é um belo pontapé inicial de uma série muito bem sacada e que há de render belas e bem contadas tramas. Um filme contraindicado para quem possa pensar que verá um longa regado a explosões, apocalipses locais e feitos grandiosos; mas quem estiver disposto a conhecer a lenda por trás de um dos heróis mais carismáticos da história, pode ir tranquilo. Garanto que, quem for ao cinema com essa intenção, quando chegar os créditos já vai estar pensando no segundo filme da série - que, já sabemos, será sobre o Magneto.