quarta-feira, 16 de junho de 2010

O DIA EM QUE GALVÃO BUENO FALOU CERTO

Não tem pra #NBA (em plena final Lakers vs Celtics), pra #WorldCup ou pra nenhuma outra hashtag bombante da atualidade: há quase uma semana CALA BOCA GALVAO (assim mesmo, sem til nem vírgula) figura no topo dos trending topics mundiais do Twitter. Rapidamente "a maior piada interna de um país", como definiu alguém por lá, ganhou uma força colossal e ares de sofisticação, com campanha fake-ecológica em pôsteres e vídeos para convencer a gringalhada a twitar a expressão, rendendo matérias e mídia espontânea para a gozação.


(Via Galvão Institute)

Chega a ser quase difícil encontrar algum brasileiro no Twitter que não tenha passado a mensagem para a frente - tentando me recordar, devo tê-la twitado umas cinco vezes. De tão bem-sucedida, CALA BOCA GALVÃO seguiu seu caminho brilhantemente natural, indo parar nas arquibancadas do jogo de estreia da Seleção Brasileira. Ninguém podia calar o poder sacânico de uma nação. Muitos milhões em ação com a missão de gozar um narrador que, convenhamos, merece. Merece muito. #EpicWin.

E depois disso, o que mais poderia vir? Como o próprio Galvão diz numa frase que ficou eternizada numa versão pirata de Winning Eleven com sua narração, ele fez o que ninguém esperava: comentou em rede nacional a sacanagem, demonstrando um impressionante fair play ao chegar até a apoiar a campanha contra si:





Pausa na novelinha para recordar um fato ocorrido há menos de um ano: em setembro de 2009, a Rede Globo publicou uma cartilha com regras de uso de redes sociais para seus funcionários - o que na época caiu como uma ferramenta de censura interna. A medida, claro, mirava no Twitter, a rede social que, dentre outros trocentos atrativos, possibilita uma aproximação inacreditável entre fãs e famosos, sobretudo na chance de as celebridades mostrarem que, contas bancárias rotundas, bocas livres e paparazzi a parte, têm lá seus momentos como simples mortais - que também reclamam do trabalho, do patrão, assumem humores ruins, TPMs... Eram essas manifestações negativas que preocupavam a emissora, e claro que a lista de normas pegou mal.

Voltando para junho de 2010, para o CALA BOCA GALVAO e para a resposta dele. Há muito mais do que esportiva nessa história, justamente por se tratar de Galvão Bueno, um dos maiores porta vozes - em tempos de Copa, sem dúvida o maior - de uma das emissoras mais poderosas do mundo.

Tenha sido sincero ou não, Galvão não só nos surpreendeu enquanto gozadores mas sobretudo como espectadores da Globo que somos ou já fomos ou estamos por conta da Copa. Quando disse "sim" à sacanagem, de uma vez só ele reconheceu ao vivo na Rede Globo um movimento espontâneo surgido no meio digital; respaldou a força do Twitter mesmo sendo um comunicador que nunca deve tê-lo usado na vida - e levando a Globo (aquela, da cartilha) a reboque; e ainda tirou onda de fair player, driblando todos nós, gozadores, ao abordar de forma leve um assunto que era pra lhe causar incômodo. Curiosamente, a postura foi muito parecida com a de Fausto Silva, outro peso pesado da Globo, ao falar dos comentários online sobre a roupa bizarra que usou no domingo retrasado. Com isso tudo, dá pra imaginar o número de tweets e retweets que o vídeo acima já ganhou e ainda irá render? Se o do Faustão bombou, o do Galvão vai bombar mais.

Nesse episódio todo, vem a tona o tipo de coisa que muitos sabemos, mas que sempre ganha força maior e melhor quando vista na prática: quando deixa de lado ranços, cagaços e outras posturas bobalhonas e retrógradas, a televisão bate uma bola incrível com a internet e seus Do-It-Yourselves - que frequentemente se alimentam justamente do meio televisivo. Irônico que uma verdade tão séria, que ainda precisa de exemplos desse tamanho no Brasil, tenha surgido de uma sacanagem colossal. Mais irônico ainda que, justamente ao falar de si mesmo, Galvão tenha passado uma mensagem realmente relevante. Pode isso, Arnaldo?

4 comentários:

Murilo Herik disse...

Agora você imagina isso há 15 anos atras? Nunca. Eles se omitiam, fingiam que não existia esse tipo de coisa: anti galvão, anti faustão, anti globo, etc. Hoje "eles" tratam levam o assunto com bom humor, até com piadinhas tambem no caso do Faustão. A Rede Globo mudou muito desde a morte do Roberto Marinho, seria ele o problema? Voltando no tempo você nunca iria ver o Faustão falando o nome de um apresentador de outra emissora, tambem nunca veria Xuxa, Ana Maria Braga entre outros na Hebe em pleno SBT. Os fatos ocorridos atualmente, a interaçao com os telespectadores através da internet só mostra que a Globo mudou para melhor, apesar da continuidade de sua chata programação.
E no mais sempre gostei do Galvão, alguns jargões encaro como humor puro, esse 'Anti-Galvão' que existe hoje é pura brincadeira dessa juventude-internet.

Kaká disse...

Achei inteligente da parte dele (ou da Globo) aderir a brincadeira, e reconhecer que "entra na casa das pessoas".
O Galvão Bueno fala muita besteira, mas ele me incomoda menos que o Luis Roberto que é empolgado demais. Semana passada ele narrou a F1 e parecia que o Lewis Hamilton ia fazer um gol a cada volta.

AP disse...

http://twitter.com/apedros/status/16248063222

Em algum momento a Globo chamou o Galvão pra conversar ... ;)

Anônimo disse...

Agente não pode tirar o merito da direção do Globo Esporte e seu porta-voz Tiago Laifer, que mordenizou toda linguagem da linha esportiva que estaca caquetica, deu outra vida, novo humor, é parte do sucesso e inovação que eles trazem.

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