quarta-feira, 26 de novembro de 2008

FAIXA A FAIXA: "DAY AND AGE", THE KILLERS




Hora de dar uma sacudida nessa seção do blog, que andava um tanto quanto esquecida. Para isso, escolhi o terceiro disco dos Killers, lançado nesta segunda quinzena de novembro. E a audição foi... foi...

Nem é preciso muita perspicácia para sacar que eu não gostei. Decepção é a palavra que resume tudo, mas eu não estou aqui pra deixar vocês lerem só isso. Então, acompanhem abaixo meus comentários faixa a faixa, escritos enquanto eu ouvia o disco. Se houver a chance, catem o disco e ouçam junto para ver se concordam ou discordam. Lá vai:


LOSING TOUCH - A introdução me lembrou algo de David Bowie. Há também alguma coisa de Simple Minds e até de A-Ha (na parte do "I'm In no Hurry..." sem bateria). Brandon Flowers anda ouvindo seus vinis antigos...

HUMAN - Esqueçam as guitarras: essa é um tecnopopzinho que poderia ter saído de qualquer encerramento de filme da Sessão da Tarde. Para uma canção que foi escolhida como o primeiro single do disco Não me empolgou não...

SPACEMAN - A introdução até promete um pouco dos velhos e bons Killers de outros tempos... mas logo a impressão se desfaz. Melodia fraca, arranjo chato e burocrático. Tá difícil... e os sintetizadores não estão ajudando. E olha que eu curto sintetizadores.

JOY RIDE - A primeira música legal do disco. A batidinha disco mostra a vocação da canção para a pista de dança. E, de quebra, ainda tem um saxofone muito bem sacado. Será que melhora?

A DUSTLAND FAIRYTALE - Começa como uma baladinha acendam-seus-isqueiros-ou-abram-seus-celulares-na-platéia, mas logo depois vira um arremedo da excelente "Read My Mind". Quer dizer, nem isso consegue ser, pois fica no meio do caminho.

THIS IS YOUR LIFE - Juro que não é exagero, mas foram 3 minutos e 39 segundos irrecuperáveis em minha vida. Indescritivelmente chata.

I CAN'T STAY - Essa é bacana. Batida marcada no violão com um toque de Talking Heads no arranjo. Uma canção que seria razoável nos dois primeiros discos da banda, mas que em "Day and Age" se destaca.

NEON TIGER - O nome é esdrúxulo, o refrão manicstreetpreachearizado também. O delay no vocal é especialmente exagerado, mas nada se compara em matéria de constrangimento ao momento em que Brandon Flowers canta "Come on, girls and boys/everyone make some noise"... quando a empolgação para isso é zero.

THE WORLD WE LIVE IN - Novamente uma canção pouco inspirada. "The World..." traz um dos poucos instantes do disco em que se ouve uma guitarra... e nem soa bem, infelizmente. De resto, mais do mesmo. E para completar, um manjado encerramento com fade e sem percussão - recurso já utilizado em pelo menos outras três músicas do disco até aqui.

GOODNIGHT, TRAVEL WELL - A trilha sonora de uma morte lenta e dolorosa. A tentativa é de climão, tentando dar ao ouvinte uma vibe introspectiva; mas isso só aconteceria se a canção fosse boa. No fim das contas, infelizmente - e já usei esse advérbio diversas vezes - parece uma música de cena de sexo do Super Cine.

A versão que peguei de "Day and Age" foi a do iTunes, que veio com as seguintes faixas bônus:

A CRIPPING BLOW - Podia - e devia - ter entrado no tracklist normal, pois é melhor do que 80% do repertório original. Os vocais de Brandon se sobressaem - naquela onda exagerada do vocalista, claro -, e o arranjo tem lá suas pequenas surpresas.

FORGET ABOUT WHAT I SAID - Não entendo. Esperei 12 músicas para ouvir uma boa canção que também tem lugar certo dentre as titulares do álbum. Não que "Forget About..." seja espetacular, mas é sacanagem escondê-la depois de tantas canções dispensáveis.


NOTA FINAL: 4 É uma pena, mas "Day and Age" é um claro indicativo de que o Killers está numa descendente. O produtor Stuart Price errou na mão ao exagerar na limpeza, criando um disco com um punch que tende a zero e cheirando a formol de tanta assepsia. Os fãs que não tentem achar em "Day and Age" o grupo que despontou com o "Hot Fuss" de "Mr. Brightside", "Somebody Told Me" e "Smile Like You Mean It". Melhor pensar que a banda deste terceiro disco é uma nova, mergulhada em camadas de sintetizadores entediantes e baladas esquecíveis; mas se isso pode ser menos doloroso, por outro lado não alivia em nada a chatice.

4 comentários:

Kaká disse...

CA, achei sua avaliação justa. Eu odiei a Goodnight, Travel Well, deprimente, já até tirei do iPod.

Também achei que as duas bonus eram as melhores, são as que mais parecem Killers do começo.

Entre as bandas com a letra K eu achei os novos do Keane e o do Kings of Leon melhor que esse.

Anônimo disse...

eu achei o disco bem fraco no começo também, mas foi só ouvir de novo, para gostar mais, e eu também prefiro perfect symetry do keane

Anônimo disse...

Carlão, mesmo depois de ouvir diversas vezes, nunca consegui gostar de Killers. Pra mim, sempre foi uma maçaroca sonora inexplicável. Mas, depois desse post detalhado, deu vontade de conferir o "Day & Age". Se mudou, quem sabe eu não consigo gostar de algo? ;)

Matheus Rufino disse...

Putz, foi implacável em Carlão? Também achei o disco mais fraco que os anteriores, achei meio inconsistente. Na primeira ouvida, gostei mesmo de Losing Touch, Human, Spaceman, Joy Ride e I Can't Stay, sem contar as bonus que eu também acho que deveriam entrar na mainlist. Mas depois de ouvir mais vezes passei a gostar mais de outras faixas, foi assim com os outros álbuns também, só GNTW que realmente é difícil de engolir, deveria estar no máximo como bônus, já que, pelo que soube, foi uma homenagem do guitarrista para a mãe que faleceu.

Mas o disco também não é esse desastre total não, com certeza é mais descartavel que os outros, mas ainda assim tem seus méritos, vale uma ouvida, reparei algum esforço numa tentativa de renovação que pra mim é muito válida.

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