quinta-feira, 27 de novembro de 2008

MAUS: UMA INCRÍVEL DESCOBERTA TARDIA

Acontece muito comigo esse negócio de ficar enlouquecido por um livro/filme/série/disco de tempos atrás, mas mesmo assim a empolgação me leva a querer divulgar a obra como se tivesse sido lançada ontem. A obra que ilustra esse exemplo é uma história em quadrinhos que já conhecia há anos, mas que só agora fui ler para valer: "Maus".





Escrita/desenhada por Art Spiegelman, lançada originalmente como livro em 1986 (o volume I) e 1992 (o II), "Maus" traz o relato verídico do pai de Spiegelman, Vladek, um judeu polonês que conheceu de perto os horrores da Segunda Guerra Mundial. A história é contada pelo velho Vladek na sala de sua casa, sob os olhares e rascunhos vorazes de seu filho. Seu relato é minucioso, iniciando-se antes da guerra, quando ele conheceu Anja, a mãe de Art; e, desde então, a trajetória do comerciante é de prender a atenção de qualquer um.

A narrativa de Vladek é daquelas repletas de emoção mas que em momento algum incorrem no sentimentalismo barato. A simplicidade com que Spiegelman mostra suas conversas com Vladek - um homem de velhice fragilizada por doenças e que equilibra rispidez e doçura em sua incrível personalidade - é tão fascinante que você de fato está ali, esparramado no tapete de sua sala, ouvindo tudo com total dedicação.





Outra especialíssima marca de "Maus" é a brilhante idéia de Spiegelman em usar animais para retratar em traços simples os personagens da história: os judeus são ratos; os alemães, gatos; os poloneses, porcos; e os americanos, cães. Todos com as mesmas feições, pois de fato eram partes de coletivos envolvidos pelos nós cegos impostos pelas circunstâncias.

Tanta excelência valeu a "Maus" um prêmio Pulitzer especial em 1992, merecido e justificado a cada página lida. Deveria ser aplicado em qualquer curso de história, usado como argumento cabal para derrubar qualque resquício de preconceito de quem pense que quadrinhos não comportam grandes histórias e, principalmente, posto nas mãos de cada um que busca entender e admirar a natureza humana. Por isso, não demorem tanto como eu...

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi, C.A.,
Mandou bem: Maus é realmente uma peça de arte! As pessoas deviam ler na escola...

Ramon Mineiro disse...

Maus já ta na minha prateleira faz tempo...

Assim como "Gen, Pés Descalços" conhece?

Abraço Rapaz!

Carlos Alexandre Monteiro disse...

Alessandra, sim! Livro didático! ;)
Ramon, só de nome... Bonzão também?

abraços!

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