sábado, 18 de abril de 2009

THE B-52'S - A FESTA CONTINUA!


Foto por GPatton NG


Deviam faltar uns 30 minutos para o show começar, e eu não avistava mais do que um par de centenas de pessoas para ver o B-52's. A maioria delas, como eu já desconfiava, devia ter um pouco menos de minha idade atual na época em que eu fiquei em casa para ver pela TV a banda da ruiva e da loirinha que cantavam "Private Idaho" e "Legal Tender" no Rock in Rio. Na noite de ontem, eram tios e tias sacudindo barrigas e carecas provavelmente inexistentes há duas décadas, dançando confortavelmente a metros do palco ao som de hits dos anos 80 que aqueciam os ânimos dos presentes - poucos presentes. Me senti o garoto que chega cedo a uma festa e fica fazendo companhia ao vazio; e saber que a comemoração em questão era de uma banda como os B-52's me deu uma tremenda vergonha alheia diante dos enormes espaços vazios do Citibank Hall, Rio de Janeiro.

Quando a jukebox dos 80s calou e as luzes se apagaram, magicamente mais e mais pessoas brotaram no local, como numa típica cena de filme em que, do nada, uma molecada invade a casa de alguém e, assim, faz surgir instantaneamente uma festança. Nem sei se eram mil presentes, mas o reforço de público me deu um alívio. Pelo menos Kate Pierson, Cindy Wilson, Fred Schneider e Keith Strickland teriam boas centenas de pessoas à sua frente - convidados muito bem tratados desde que a festa começou oficialmente.

Assim como acontece ao vermos qualquer banda veterana de décadas, difícil fugir da óbvia constatação de que os B-52's não são exatamente os mesmos. Kate e Cindy hoje disfarçam os quilinhos - "inhos" mesmo - a mais, e Fred de vez em quando precisa pegar um fôlego extra entre uma frase e outra de seus discursos cantados; mas o principal mesmo segue inabalável: as dancinhas continuam cheias de charme, o senso de humor debochado pontua todos os momentos, os vocais das moças vão muito bem, tirando uma ou outra derrapadinha esquecível... E o principal: o show deles é sim uma diversão, com luzes, bongôs de Cindy, maracas de Kate, megafone de Fred, objetos de palco coloridos e engraçadinhos - pistolas e anéis com luzinhas, apito etc. - e, sobretudo, com música boa para oferecer aos presentes.



Vídeo por Adolfo Braucks


Nenhuma surpresa no setlist do show: a banda soube mesclar bem os sucessos das antigas com as novidades de "Funplex", o disco de inéditas lançado em 2008. Inegável que os momentos de maior empolgação do público foram ao som de clássicos como "Love Shack", "Roam" e "Private Idaho"; mas o público também recebeu generosamente com gritos e dancinhas as músicas de "Funplex" - até porque o álbum passa longe daquela pasmaceira de "disco que marca uma volta digna". Todos sabemos que isso é papo-prêmio de consolação ao esforço de um grupo que retorna do passado espremido em um DeLorean sem derrapar nem acelerar pesado. "Funplex" é bem mais do que isso: é um belo disco, de boas canções e que, além de tudo, funcionam muito bem ao vivo.

Momentos como Keith Strickland mandando ver no riff de "Funplex" (a música), o dueto vocal de Kate e Cindy em "Juliet of the Spirits" e a abertura do show com a fresquinha "Pump" deram a bela certeza de que a volta dos B-52's não necessariamente é um movimento isolado, sem continuidade. Enquanto tiverem força pra se acabarem no palco, que sigam, pois se tem uma coisa que eles não perderam é a capacidade de fazer trilha sonora de farra - a maior virtude deles desde sempre.

Assim, cheio da satisfação garantida pela festa que os animados promoters aprontaram no palco, nem fiquei contrariado ao não ouvir "Legal Tender", tão aguardada no bis. Acreditem: eles podem pagar essa pequena e feliz dívida na turnê do próximo disco. Duvidam?


SET LIST:

"Pump"
"Mesopotamia"
"Ultraviolet"
"Private Idaho"
"Give Me Back My Man"
"Funplex"
"Strobe Light"
"Quiche Lorraine"
"Juliet Of The Spirits"
"Roam"
"Party Out Of Bounds"
"Love In The Year 3000"
"Hot Corner"
"Channel Z"
"Love Shack"

Bis:
"Planet Claire"
"Keep This Party Going"
"Rock Lobster"

Um comentário:

Gabriela Spinola disse...

Foi mais ou menos o que eu espero do show do Oasis aí no Rio (não vou, mas Multishow vai me dar um help): um espetáculo inegável, mas descaso alarmante do público perante o show. Pra você ver, no Anhembi em São Paulo, já se esgotaram todas as meia-entradas. Em Porto Alegre, não estão vendendo mais pela internet e a 1ª cota já esgotou.

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