O domingo foi especialíssimo para mim e para os outros milhões de rubro-negros: Adriano reestreou no Flamengo com gol, dando a vitória ao clube. Mas não é disso que vou falar. Na verdade nem vou tratar exatamente de futebol, mas apenas usá-lo como referência para falar sobre outros assuntos - coisas que vieram à tona quando o Esporte Espetacular levou ao ar a excelente entrevista que foi feita com o atacante.
No depoimento dado a Glenda Kozlowski, aparentemente exibido com poucos cortes de falas do craque, Adriano me passou uma sinceridade incomum. Uma franqueza difícil de se obter e, principalmente, de se comprar, especialmente quando se está acostumado à enxurrada de boatos que inunda uma redação jornalística em que é produzido um site de celebridades, como aquela em que trabalho, fazendo seu cérebro naturalmente agir na base da desconfiança e na opção pelo que é mais venenoso.
Eu já ouvi muito sobre Adriano. Rumores que passam ao largo de qualquer imagem boa que um sujeito possa ter, especulações levantadas e conhecidas há tempos, e que se intensificaram ainda mais no episódio recente em que ele simplesmente se exilou na favela em que nasceu, a Vila Cruzeiro. Ali, naquela época, os boatos me ganharam e eu era mais um a achar Adriano um infeliz, pra dizer o mínimo.
Foi então que o cara reapareceu - e a partir daí a fofocaria que se consolidara em minha mente começou a dar lugar a uma crença singular nas palavras dele, que afirmava que só estava querendo se reconectar com sua origem. Tempos depois, lá estava eu, acreditando novamente nas palavras dele, na manhã deste domingo.
Na entrevista, Adriano negou ter usado qualquer tipo de droga em sua vida, ao mesmo tempo em que afirmou que teve problemas com o álcool quando o pai morreu e que continua mantendo contatos e amizades com aqueles que cresceram junto com ele na Vila Cruzeiro mas descambaram para o banditismo. Quando o VT terminou, estava acreditando em cada palavra que tinha ouvido dele. Por quê?
Porque sou Flamengo é uma resposta que não estaria de todo errada, lógico que não; mas acho que, sendo bem sincero, o negócio é que, de vez em quando, fico de saco cheio dessa nossa mania de acreditar com facilidade nas piores versões e desconfiar demais das melhores. É comprovado que ninguém do grande público nunca viu foto ou vídeo de Adriano portando arma, cheirando uma carreira de pó ou metido em delegacia; e em tempos de celular com câmera a R$1, YouTube e inúmeras formas de anonimato online, essa ausência de provas conta a favor dele. Então, por que optar bancar o que ouvimos falar de alguém que ouviu de alguém que soube de outra?
Podem me chamar de ingênuo, posso estar mesmo sendo um crédulo, mas o negócio é que, na falta completa de evidência, é bom de vez em quando deixar a maledicência de lado e acreditar na possibilidade que, em tese, é a mais natural e correta a se considerar, mas que todos os dias ignoramos solenemente: até que se prove o contrário, todos somos inocentes. E ter aberto uma exceção nesse comportamento para acreditar em Adriano me fez bem não apenas por gostar da história de redenção de um jogador de meu clube, mas porque me lembrou de que, na verdade, faz melhor uma boa dose de credulidade do que essa mania de operarmos 24/7 nesse padrão "revista de celebridades" ao pensar no alheio. No barato, dadas as circunstâncias, é justo - e isso nunca será ruim.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
A ENTREVISTA DE ADRIANO : QUANDO IMPERA A INGENUIDADE
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pra citar um exemplo, aqui na bahia acontece isso, só que com com a ivete sangalo. sempre aparece alguém com uma história bizarra envolvendo cocaína, que ela tem um quarto no hospital disponivel 24 horas pra qdo ela tem overdose, que as musicas dela fazem apologias às drogas, que nem tati quebra barraco guentou cheirar com ela no trio e etc etc etc...
meus amigos me chamam de trouxa por eu nao acreditar. mas é sempre assim, as pessoas preferem crer no pior.
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