domingo, 26 de outubro de 2008

TIM FESTIVAL 2008, RIO DE JANEIRO, SÁBADO: NEON NEON, KLAXONS E O REI MOMO DA NU-RAVE

Muitas das críticas ao Tim Festival 2008 - antes mesmo de o evento começar - foram por conta do cancelamento do show do Gossip, liderado pela polêmica e carismática vocalista Beth Ditto. Só que o público do festival descobriu um substituto à altura de Beth: a exemplo dela, ele também tem vários quilos acima do peso, se mexe sem parar no palco, curte se apresentar vestindo apenas roupas íntimas e dá conta do recado com o microfone na mão. Ele é Har Mar Superstar.

Acostume-se com esse nome, pois ele irá aparecer em alguns momentos de minha narrativa sobre a noite deste sábado, a derradeira da edição 2008 do Timfa. Antes de falar da figura, é bom mesmo começar do início, falando de Neon Neon, projeto musical de Gruff Rhys, vocal do Super Furry Animals, e do produtor americano Boom Bip. Escalado para abrir a noite do palco Novas Raves, o Neon Neon mostrou as músicas de seu primeiro disco, "Stainless Style", e seu pop eletrônico cheio de sintetizadores e de melodias cantadas por Rhys e pela charmosa baixista Cate Le Bon - que, inclusive, chegou a tocar aquele "teclado-guitarra" tão famoso nos anos 80. Retrô cool.



Cliquem nas imagens para ampliá-las...


A maior parte do público - que não era nada numeroso, diga-se - estava lá para ver os Klaxons mas o Neon Neon mostrou que também tem seus fãs cariocas, que vibraram com "I Told Her on Alderaan" e "I Lust U", música mais famosa do duo/banda. Não era só o som que estava agradando: as projeções de estética oitentista no telão estavam ótimas - destaque para as imagens de Michael Douglas durante a música que leva seu nome - e a simpatia da banda também cativou. Falando em gentileza, um divertido mistério: entre uma música e outra, alguém nos bastidores gritava frases em português carregado de sotaque gringo. Coisas do tipo "Eee aah-eeeeeh, beh-leh-zahhhh?". E lá pelas tantas o dono da tal voz foi convidado a entrar no palco, anunciado como o "próximo presidente americano". Ponto pra quem disse que o sujeito era o tal Har Mar Superstar.



Har Mar Superstar: o homem, o mito, a lenda


A partir daí os presentes encontraram mais um motivo - ótimo, por sinal - para não desgrudarem os olhos do palco. Também, como não prestar atenção ao personagem que é Superstar? Gorducho, branquelo, do tipo "careca cabeludo", ele chegou usando uma espécie de poá amarelo e cheio de lantejoulas, combinando com suas luvas de mesma cor, e ainda por cima estava com a calça caindo na metade da bunda, revelando uma cueca esdrúxula. Muitos dizem que ele é a cara do Ron Jeremy, aquele ator pornô, mas ele se parece mesmo é com Zed, personagem de Bobcat Goldwaith na clássica série "Loucademia de Polícia". Né? Ah, e um detalhe: ele já tinha aparecido na noite anterior: foi no show do MGMT, cantando em falsete em "Electric Feel" e arriscando seus passinhos tronchos também. Esqueci de contar...

Magnético é o adjetivo perfeito para descrever o cara, que é uma espécie de membro honorário do Neon Neon, excursionando com eles e cantando em boa parte das canções. Har Mar Superstar só fez melhorar o show, mesmo que ofuscando quase que totalmente o resto da banda na maior parte do tempo, com suas danças hilárias, chegando até mesmo a cantar plantando bananeira! Nem precisava, mas foi um belo reforço ao que já estava bom.

As músicas boas, a banda de gente fina e a presença de palco me deram a certeza de que muita gente ali presente que não conhecia o Neon Neon agora vai correr atrás da banda na internet... e procurar saber também quem era aquele comédia cantando com eles.





Em seguida, a grande atração da noite, o Klaxons. Pelo sorriso nos rostos de seus integrantes, a banda nem parecia estar prestes a tocar pela 2398572ª vez o repertório de "Myths of the Near Future", seu único disco, lançado no ano passado. O show não deve ter agradado totalmente aos que esperam músicas em arranjos diferentes dos usados nas gravações, pois tudo soa muito igual ao disco - por exemplo o casamento das vozes do baixista, Jamie Reynolds, e do tecladista, James Righton; mas se eles não inovaram no formato de suas canções, empolgaram por sua animação e empatia com a platéia.



Reynolds e Righton: vozes como no disco


Era evidente que os músicos estavam de fato gostando de estar ali, e banda e platéia - em boa parte composta por uma garotada de não mais do que 20 anos - jogaram juntos em diversos momentos, especialmente nos hits "Atlantis to Interzone" (logo a segunda do show) e "Gravity's Rainbow". Palmas e pulos de lá e de cá. Festa rock - quer dizer, nu-rave.



Vejam quem está no canto esquerdo do palco...


No bis, uma surpresa: para "Four Horseman of 2012", a banda ganha a participação de Rodrigo Gorky, do Bonde do Rolê (obrigado, Durante!) e de... de... Har Mar Superstar! E só de cueca! Novamente seu carisma roubou os olhares do público, fixado nas reboladas e nos saltos do sucessor de Beth Ditto. Mal sabe ela que o festival que era pra ser dela foi parar nas mãos de outro gorducho...

Acabou? Não. A noite prometia mais. Por contingências do destino, vi umas três músicas do Gogol Bordello, que não me fizeram mudar em nada minha opinião da banda: chata, palhaçuda, piadinha de uma nota só e autores de uma mistura que o Mano Negra já fez melhor e sem a caricatura de um grupo liderado por um cara que reúne em um só bobalhão o Roberto Benini, o Borat e o Fernando Muylaert, apresentador do intragável e idiota "Vida Loca Show", do Multishow. Muita gente gostou, mas eu passo com todo o prazer.

Longe dos Gipsy Kings anfetaminados, ainda pude ver os Junior Boys e sua misturinha legal de levadas rock e batidas eletrônicas; o DJ Yoda e suas ótimas mixagens misturando tudo, mas tudo mesmo - especialmente temas clássicos do cinema, como o de "Guerra nas Estrelas" e "Indiana Jones", também representados com cenas dos filmes no telão; e o porra-louca que é Dan Deacon.



Deacon e seus brinquedinhos



Misto de DJ e animador de festas, Deacon botou o público para participar do que pareciam ser mini-provas de uma gincana do ácido. Algo do tipo: "Façam um círculo imenso. Quando eu soltar o som,, e esse sujeito aqui vai correr por dentro dele, batendo nas mãos de vocês; e, quando quiser, vai puxar outra pessoa para correr com ele. Depois, ele e essa pessoa pegarão mais duas, e assim adiante". A altíssima trilha sonora era uma porrada gerada por um iPod shuffle + o som do microfone de Deacon processado por diversos pedais de guitarra. Difícil explicar, mas duvido de que os que estavam lá consigam esquecer tão cedo as Olimpíadas deaconianas. Até quadrilha de festa junina teve - claro, sem anarriê...

Infelizmente não fiz vídeo de Deacon, mas trago outros três! Na ordem, Neon Neon com "I Luv U", Klaxons com "Atlantis to Interzone" e o já citado bis da banda com Har Mar Superstar e sua performance em "Four Horseman of 2012". Sintam o clima:









Amanhã volto a falar de Tim Festival aqui no blog, mas da organização do evento. Assunto apropriadíssimo para uma segunda-feira...

3 comentários:

Anônimo disse...

Cara, o show realmente foi foooda! e adorei suas fotos, até roubei umas pra mim rsrsrs

Anônimo disse...

Qria ter ido mas infelizmente não pude! Minha amiga foi no Kanye e adorou! Adorei seu blog!

Unknown disse...

num era roadie não, era o gorky!! *rss bjoss

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