Antes de falar dos shows, uma introdução que pode se repetir quando eu comentar o Tim Festival em 2009, 2010, 2011... É que é quase a mesma coisa todo ano - e tudo começa com um trânsito ruim de doer. Se a sexta-feira do tráfego carioca já é algo normalmente complicado a partir das 17h, quando a sexta é de Timfa então... Mas tudo bem. Desde o momento em que a gente pensa em comprar ingresso pro evento isso já tá na conta - e, afinal, não é algo que se pode culpar a organização do festival, né?
O problema é que não avisaram ninguém de que aquele "21h30" impresso no ingresso do Kanye West seria, na verdade, 22h30. Com uma hora de atraso, o rapper pisou no palco completamente sozinho, e por lá ficaria cerca de duas horas. Quer dizer, Kanye é o único ser vivo no palco e mesmo assim divide as atenções. Tudo graças ao espetacular show de luz, efeitos e som de seu espetáculo, a ópera-rap "Glow in the Dark".
(Cliquem nas fotos para ampliá-las)
Em termos audiovisuais, a historinha de um humano perdido no espaço de "Glow in the Dark" é bem contada. Tem um computador-mulher (!), Jane, trocando umas idéias com Kanye - e o chamando de "maior estrela do universo", telão que "explode" com pisões dele no chão, belas projeções com planetas, estrelas e o cosmos... Um show para olhos e ouvidos - um pouco mais para os olhos, sinceramente.
Mesmo com tudo bem-feitinho, algo me incomodava: o show de Kanye é tão teatralizado e os efeitos são tão bárbaros que, de vez em quando, me sentia como em uma atração da Disneylândia. Já se sabe que exageros e hip-hop são inseparáveis, mas quando ele contracenou com um dinossauro (!!!) no palco, que representava um planeta inóspito e desconhecido, bem... Me constrangeu um tiquinho. Algo do nível do Eddie, aquele monstrengo que sobre no palco do Iron Maiden, sabem? Desnecessário.
Em meio à iluminação estonteante, ao teatrinho, ao telão de imagens espetacularmente espaciais havia Kanye e sua música. E é preciso tirar o chapéu para a manha do cara. Ele se garante ali, sozinho, por quase 120 minutos diante de milhares de pessoas. O som não estava excelente, mas bom - sobretudo os graves, que fizeram literalmente tremer o chão - e o rapper dá conta do recado, mesmo se apresentando para uma platéia que, evidentemente, não era a dele. Tinha de tudo ali: patricinhas e mauricinhos que só estavam ali pra azarar, gente que só conhecia uma música de Kanye, descolados tentando entender o porquê de aquele astronauta ser um dos nomes mais respeitados do hip-hop... e blogueiros que não são exatamente loucos por rap mas que se renderam à competência do astronauta rimador - nesse caso, eu. Mas...
Mas o lance é que, de alguma forma, tudo aquilo me cansou um tiquinho. Atrações da Disney não costumam passam de dez minutos no máximo de duração; e ainda havia o atraso, e The National e MGMT marcados para às 22h30 noutro palco. Para não perder o duo - àquela altura já tinha topado em deixar o The National de lado em troca da megaprodução de Kanye -, resolvi sair do show faltando uns 10, 15 minutos para o seu fim. Felizmente deu tempo de ouvir algumas do único disco dele que conheço para valer, "Graduation", como "Good Morning", "Champion", "I Wonder", "Can't Tell Me Nothing"... e seu sucesso-mor da vez, "Stronger" - aquela, do sampler de "Harder Better Faster Stronger", do Daft Punk.
Foi legal me despedir do sujeito o vendo envolvido pela incrível luz púrpura do telão, mas o medo de perder o MGMT era tanto que nem esperei o fim da música. E dava tempo sossegado de tê-la visto até o fim. Arrependimento #1. O #2 eu só ficaria sabendo beeeeeem mais tarde, quando me contaram que ele cantou "American Boy", música de Estelle do qual ele participou, e minha candidata à canção do ano. Chato, mas nada que me tire o sono - até porque se o show estivesse megaultrablasterfenomenal, óbvio que não teria arredado o pé. Os apreciadores/experts do gênero devem ter cravado uma nota 9. Eu dou um 8, e a média de 8,5 está justa.
Como disse acima, dava tempo de ter ficado para "Stronger". Aliás, poderia ter visto todo o show de Kanye, já que consegui pegar duas músicas do The National e ainda esperei cerca de uma hora pela arrumação de palco do MGMT. Não me sinto em condições de julgar o National, mas o parecer de amigos e conhecidos que assistiram ao show foi positivo. Já o MGMT eu consegui ver de um lugar privilegiado e da primeira a última música. E o saldo foi bom, apesar dos pesares...
Que pesares? Nada pequenos: um mau contato horroroso nas três primeiras músicas e que, por pelo menos duas outras, emudeceu a coluna de som à direita de quem está de frente para o palco. Muito, muito feio acontecer isso num Tim Festival; e em todos esses anos em que fui ao evento, foi a primeira vez que vi isso. Tsc. Sorte que nem era com Ben Goldwasser e Andrew VanWyngarden. Longe de exibirem o espalhafato de cores e adereços que já usaram em clipes e noutros shows, a dupla e seus comparsas de palco fizeram o seu, e fizeram bem.
Discretos e quase tímidos, Goldwasser e VanWyndgarden tocaram basicamente o repertório de seu disco, o ótimo "Oracular Spetacular" - mais algumas poucas inéditas, creio -, e administraram seu set list com esperteza. Aproveitaram as boas vindas do público pra tocar as mais, digamos, calmas ("Pieces of What" e "Weekend Wars", por exemplo) no início do show, salpicaram o meio com outras um pouquinho mais animadas ("Electric Feel", primeira a agitar o público para valer)... Presente e freqüente como no disco, a voz andrógina e recheada de reverbs e delays de VanWyndgarden, fazendo "The Youth" soar como no álbum; e, de certa forma surpreendente, um certo clima pseudo-jam, remetendo ao progressivo sessentista. O melhor é que isso meio que afugentou quem estava ali só por curiosidade/para posar/azarar/dizer que viu um show e só. Ótimo!
A esvaziada me ajudou a ir ainda mais para a frente na reta final, em que o duo-convertido-em-banda saiu por cima com suas mais queridas, "Time to Pretend" e a dançante "Kids", que encerrou bem o show. Público satisfeito, pois teve exatamente o que buscava; e se Goldwasser e VanWyngarden não superaram expectativas, ao menos mostraram que o MGMT mereceu sua escalação para o Tim. Pensando bem, até que seria uma boa idéia um repeteco deles no lugar do Gossip...
E para vocês que chegaram até aqui, um presente prometido. Melhor: presentes! Abaixo, os vídeos de "Time to Pretend" e "Kids" NA ÍNTEGRA feitos por mim. Divirtam-se e não reparem nos tremores, pois estava no meio da galera:
Hoje ainda tem Neon Neon, Klaxons, DJs... e, ainda neste domingo, um novo post com relato, fotos e vídeos de tudo o que rolou no sábado do Tim. Não percam!
sábado, 25 de outubro de 2008
TIM FESTIVAL 2008, RIO DE JANEIRO, SEXTA-FEIRA: KANYE E MGMT BEM NA FITA
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2 comentários:
Carlão, já ouviu o novo CD do Oasis? Não ouço coisa tão bem-feita desde "Acthung Baby", do U2.
Putz! Queria muito ter visto Kanye e MGMT! Mas o preço do timfa esse ano me desanimou completamente! Ainda mais que aqui em sp os shows aconteceram em dias diferentes...
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